Lutero e a Igreja do Pecado

Obcecado pelo Diabo, Lutero o associou à Igreja Católica do seu tempo, da qual esse alemão era membro, monge agostiniano, passando a ver nela a Igreja de Satanás. Eis a tese central deste livro perturbador e polêmico. Tese apoiada em argumentos cerrados e riquíssima documentação, reunida pelo autor. Ainda que seja uma biografia do fundador do Protestantismo, detalhada e baseada em vasta bibliografia, a obra é muito mais que isto. Desvendando aos olhos do leitor uma série de novos aspectos que ajudam a entender as razões profundas da valente rebeldia de Lutero, mesmo afrontando as iras da Inquisição. Facetas de sua formação religiosa e de sua personalidade complexa são examinadas à luz da psicologia, de um prisma moderno e científico, esclarecendo atitudes às vezes incompreensíveis e contraditórias na aparência. Lutero, desde a infância, tinha verdadeira obsessão pelo demônio, contra o qual estava engalfinhado em permanente luta, a que lhe aparecia em toda a parte, sob os mais incríveis disfarces. Com o passar do tempo e após sua trágica visita a Roma, ele associou a figura de seu inimigo maior à própria Igreja. Nesse fato baseia o autor a tese central e polêmica do seu livro, sustentada com cerrada argumentação e imenso rol de argumentos. “É no ódio ao demônio que vamos encontrar o motivo capaz de explicar a revolta de Martinho Lutero contra a Igreja Católica. Sim, e o Protestantismo deve o seu nascimento mais a este ódio do que as outras razões” – resume ele. Além dessa tese instigante, o livro é um retrato autêntico daqueles dias tensos em que imperava o fanatismo, envolto no panorama confuso dos interesses políticos em meio aos quais Lutero se movia para implantar sua reforma.

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